Hoje no consultório recebo quase que diariamente pacientes com queixas de gases em excesso e distensão abdominal, sendo que muitos relatam sofrer desse problema há muito tempo e não saberem mais o que fazer para minimizá-lo.
Mas esse número de pacientes que atendo com essa queixa possui um grande viés, já que tenho uma grande procura e vários médicos me encaminham pacientes com múltiplas intolerâncias alimentares para investigação.
E no caso dos gases em excesso, é muito importante ressaltar que eles são normais em nosso corpo e naturalmente produzidos por todo o nosso trato gastrointestinal, em maior ou menor intensidade. Essa produção acontece em maior parte devido a nossa alimentação, em que nós ingerimos determinados alimentos, que são "fragmentados/quebrados" através de hidrólises enzimáticas (no caso de proteínas, carboidratos e gorduras) e uma parte desses subprodutos são fermentados pela nossa microbiota intestinal. Essa fermentação, inclusive, é muito importante para nossa saúde, já que as fibras e alguns carboidratos quando são fermentados geram substâncias que podem influenciar positivamente várias respostas no nosso corpo (produção de ácidos graxos de cadeia curta, por exemplo), modulando inclusive respostas imunológicas.
Contudo, quando a produção de gases está excessiva, causando desconfortos, distensão abdominal, com odor pútrido e reduzindo negativamente a qualidade de vida do indivíduo, é de suma importância uma investigação mais próxima para avaliar o que está acontecendo. O excesso de gases pode ocorrer devido a intolerâncias alimentares (lactose, frutose, rafinose, estaquiose, dentre outros carboidratos fermentáveis), alimentação muito rica em carboidratos fermentáveis (FODMAPS), SIBO (supercrescimento bacteriano no intestino delgado), aerofagia (deglutição de ar - se alimentar conversando), mastigação insuficiente (estômago não tem dentes, rsrs), doença celíaca, sensibilidade não celíaca ao glúten, parasitoses e em outras infecções intestinais.
E para reduzir os gases em excesso, é preciso inicialmente investigar as possíveis causas e afastar se é algo apenas comportamental pela aerofagia, consumo de bebidas gaseificadas ao longo do dia, mastigação insuficiente, alimentação com grandes misturas de alimentos fermentáveis, etc. Ou se então as causas são devido a outras condições clínicas que foram descritas ali acima, que independem do paciente na maioria das vezes (SIBO, celíaca, sensibilidades/intolerâncias alimentares, etc.).
Mas no geral, para auxiliar você pode:
-Melhorar a sua mastigação;
-Se alimentar sem conversar demasiadamente e de evitar comer no "automático";
-Não colocar vários FODMAPS na mesma refeição (por exemplo: cardápio com muito alho, cebola, beterraba, repolho, feijão, lentilha, melancia e ainda um copo de suco);
-Reduzir o volume da refeição, fracionando mais ao longo do dia;
- Evitar bebidas gaseificadas enquatno se alimenta;
E o mais importante, buscar orientação profissional!
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