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Foto do escritorRodrigo Lamonier

Afinal, é necessário cortar o arroz e outros carboidratos para emagrecer?

Atualizado: 10 de jul. de 2023

Se você faz parte do grupo de pessoas que cortam, SEM NENHUMA instrução profissional, os carboidratos da dieta, imaginando que eles são os vilões que estão impedindo a sua perda peso, bom, você NÃO está no caminho certo!


Durante a minha consulta, costumo conversar bastante com todos os pacientes sobre os porquês da busca pelo emagrecimento, assim como seus hábitos alimentares pregressos, números e estratégias já utilizadas no passado para emagrecer, além da realização de um recordatório alimentar habitual. E durante a realização desse recordatório, percebi algo que se tornou quase que um padrão: o RECEIO de relatar as quantidades consumidas de arroz/pão/batata/mandioca, dentre outros carboidratos.


Quase sempre que pergunto as quantidades desses carboidratos no cardápio, é relatado: “o arroz como pouco”, “cortei o arroz, feijão e a batata”, o que se repete com quase todos os carboidratos das refeições realizadas ao longo do dia.

Com isso tenho refletido MUITO acerca das informações que estão sendo disponibilizadas e divulgadas nas redes/internet sobre os carboidratos, o quão negativo é esse terrorismo nutricional que tem transformado os carboidratos nos “vilões” do excesso de peso. Porém, ao longo desses anos de atendimento, avaliando centenas de diários e recordatórios alimentares, uma coisa afirmo: o carboidrato NÃO é o grande culpado pelo excesso de peso da maioria das pessoas, incluindo meus pacientes.



Os problemas que eu, nutricionista Rodrigo Lamonier, percebo na MINHA prática clínica, que mais resultam no ganho de peso em médio e longo prazo, são os exageros alimentares principalmente no período da tarde (quitandas, doces) e jantar (sanduíches, refrigerantes, frituras, sobremesas, carnes gordas em grandes quantidades), cujo hábito inadequado é ainda mais reforçado e denso em calorias nos finais de semana.


O arroz, o feijão, a carne magra, a batata, a mandioca, o pão, dentre outros carboidratos, quase NUNCA são os fatores causais da ingestão calórica excessiva. Porém, é aí que mora o grande problema: sempre que o paciente busca pelo emagrecimento sem o acompanhamento profissional, ele busca por estratégias extremistas, cortando os alimentos que NÃO são a raiz do problema.


No entanto, com a retirada desses alimentos, o comportamento alimentar inadequado é ainda mais reforçado, como o uso de aplicativos para pedir preparações hipercalóricas “low carb” e/ou até mesmo fazer receitas que apresentam. erroneamente, quase que o dobro de calorias adequadas àquele paciente, por exemplo: substituir um jantar completo por mistos e tapiocas recheadas – o que não é um problema – desde que prescrito de forma individualizada por um profissional.


Muitas pessoas afirmam que os carboidratos são vilões do excesso de peso, simplesmente por terem uma visão extremamente errada e simplificada do nosso metabolismo, resumindo-se em uma crença de que o consumo de carboidratos aumenta a liberação de insulina que, por sua vez, tem potencial de estimular o armazenamento de gordura, e, consequentemente, fazendo o indivíduo engordar. No entanto, não é tão simples assim, pois esse ganho de gordura excessivo virá apenas se houver uma ingestão calórica excedente em médio e longo prazo (seja através dos carboidratos, gorduras ou proteínas).

Agora, algumas verdades importantes:

  • Você pode fazer uma dieta low carb, cetogênica ou qualquer outra estratégia que tenha o foco em reduzir os carboidratos, contudo, se NÃO houver um déficit calórico em um prazo considerável, você NÃO vai emagrecer!

  • Você pode ficar 365 dias sem colocar arroz, feijão e/ou qualquer outro alimento que seja mais rico em carboidratos na sua boca, estar em cetose máxima mensurada através de aparelhos, porém, se a quantidade de calorias ingeridas através das gorduras e das proteínas NÃO for menor do que o seu gasto calórico total do dia, você NÃO vai emagrecer! E inclusive, se o consumo de calorias estiver em quantidades excessivas, você vai ganhar peso “sofrendo” com as consequências de uma dieta restritiva baseada na exclusão alimentar!

Outro exemplo comum que percebo na prática, são pessoas saudáveis sem nenhum problema com o trigo, mas que retiram o pãozinho francês ou o integral e substituem pela tapioca, pensando que vão emagrecer. Logo, retiram 1 unidade de 50g de pão francês que possui carboidratos, proteínas, gorduras e um pouco de fibras, totalizando cerca de 150kcal, e colocam no lugar 5 colheres de sopa de tapioca refinada, que possui apenas carboidratos e ainda recheiam com bastante gordura, fazendo com que ultrapasse facilmente 300kcal. Nessa troca, o indivíduo retira um alimento que gosta, que possui menos calorias e que é relativamente mais nutritivo e troca por algo que gosta menos, é mais calórico e, no final, ainda acaba ganhando mais peso.


Então, o que eu quero dizer para você que está cortando os carboidratos da dieta, achando que eles são os vilões: procure um nutricionista! Busque pelo processo de reeducação alimentar, valorize o que você já faz certo, comece com metas pequenas e não acredite em informações que “demonizam” os carboidratos! O excesso de peso é algo extremamente complexo, está associado com fatores genéticos, ambientais, comportamentais, psicológicos, sociais, dentre outros.


Esqueça a balança e comece a mudar pequenos hábitos/comportamentos e você verá que a diminuição do peso será um reflexo das melhorias no seu estilo de vida. Comece praticando 20 minutos de exercícios por dia e vá aumentando, limite as frituras, quitandas e pedidos de comidas por aplicativo apenas 1 ou 2x na semana, inicialmente, limite o álcool, beba mais água, durma mais cedo, estabeleça horários para se alimentar, cozinhe mais e desembale menos. Faça tudo isso por 30 dias e sinta as mudanças, sem se esquecer de buscar um nutricionista para te auxiliar!



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