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Foto do escritorRodrigo Lamonier

Não romantize a obesidade!

Atualizado: 10 de jul. de 2023



Nos últimos meses houve vários acontecimentos que me deixou ainda mais perplexo sobre a ignorância de muitos quanto à obesidade e seus determinantes biopsicossociais. E na verdade, essa ignorância está presente em dois opostos extremos e está sendo reforçada graças a internet, que deu voz para determinadas pessoas que não são capacitadas para opinar com precisão e ciência acerca da condição clínica OBESIDADE.


De um lado: um grupo de pessoas são agressivas e ofensivas com pacientes portadores de obesidade, reforçando a crença e o estereótipo errado de que um indivíduo é portador de obesidade por "querer", "não se cuidar", "falta de vergonha", "preguiça", "gula" e até mesmo por "escolha". E do outro lado: um outro grupo reforça que a obesidade não deve ser vista como uma doença crônica e que não merece tratamento, nem mesmo orientação sobre como agir com o diagnóstico profissional feito (como se a autoaceitação bastasse e não precisasse de nenhum acompanhamento especializado).


Há tantos erros em ambas as partes, que essa situação causa muita revolta em mim e em outros profissionais com quem já conversei, que também atuam e participam do acolhimento de portadores de obesidade.


Primeiramente, a obesidade é uma doença crônica que é altamente influenciada por fatores genéticos, ambientais, psicológico e sociais. Nenhum indivíduo é portador de obesidade porque quer ou por causa de alguma das questões entre aspas acima. Existem genes que estão associados ao comportamento alimentar pró-obesogênico, assim como a outras questões relacionadas ao gasto calórico diário. Existem pessoas que cresceram em ambientes obesogênicos, em que a disposição de alimentos hipercalóricos é constante e quase que a única opção. Há indivíduos que cursam com ganho de peso após a ocorrência de traumas psicológicos no passado. E a obesidade também é mais frequente entre pessoas com baixa renda e menor grau de escolaridade. Ou seja, a orientação desses pacientes deve ser feitA em vários escopos de sua vida.


E aqueles que pregam que a obesidade não é uma doença crônica e que o fato de "se sentir bem" já basta, saiba que isso é um grande equívoco. Nós, profissionais da saúde, NÃO podemos deixar portadores de obesidade sem o acolhimento adequado e sem auxiliá-los no processo de melhora do quadro clínico. E isso não significa fazer com que ele volte a um IMC caracterizado como ideal, já que sabemos que uma perda de 5 a 15% do peso corporal já é o suficiente para trazer melhoras metabólicas altamente significativas, assim como melhorar sua qualidade de vida.


O portador de obesidade merece respeito, merece ser compreendido e merece um acompanhamento livre de preconceitos e de achismos. Precisam ter um assento que os deixem confortáveis e que não os façam passar por constrangimento em todas as formas de locomoção que existem. Merecem ter acessibilidade em qualquer local que deseja ingressar (pasmem que já vi academias que um portador de obesidade não consegue passar pela catraca de entrada). Precisam que todos os hospitais apresentem uma estrutura capaz de atendê-los, seja qual for a região do país/mundo. Então, da mesma forma que o ato de romantizar a obesidade é um problema, o fato de desconsiderar sua existência e não realizarem a adaptação dos ambientes para respeitá-la, é outro problema maior ainda!


Portanto, você que está lendo esse texto hoje e que não conseguia ter uma visão ampla sobre a obesidade, mude sua conduta e divulgue a informação de que esse tema merece compreensão e exige respeito.



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