A fibromialgia é uma síndrome extremamente complexa, de origem multifatorial, caraterizada pela dor generalizada, fadiga e cansaço crônico, alterações no sono e com consequente piora da memória e concentração. Um fato importante entre as pessoas que sofrem com a fibromialgia, é que essa síndrome frequentemente está associada com outras comorbidades, incluindo a depressão, ansiedade, estresse, síndrome da fadiga crônica, enxaquecas, disfunção temporomandibular, e Síndrome do Intestino Irritável (SII). E para que você tenha uma ideia do grande número de pessoas que sofre dessa condição, estima-se que aqui no Brasil cerca de 2 a 3% da população apresente a síndrome, o que representa mais de 5 milhões de pessoas (no mundo essa prevalência também se repete).
Um fato importante, é que recebo com certa frequência no consultório pacientes que apresentam alguns dos sintomas acima, que podem ser comuns em diversas outras condições clínicas, acreditando que possam ter fibromialgia mas negam ter realizado a investigação Médica. No entanto, fique sabendo que apenas esses sintomas isolados não são o suficiente para você se autodiagnosticar, e é extremamente IMPORTANTE o acompanhamento Médico. Há vários critérios baseados na ciência que são utilizados o diagnóstico da fibromialgia, os quais são publicados e respaldados pelo Colégio Americano de Reumatologia e também utilizados pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Ou seja, o indivíduo que apresenta sintomas diversos e inespecíficos, com outras possíveis causas afastadas, deverá obrigatoriamente passar por um Médico (Reumatologista se possível) para avaliação.
Por se tratar de uma condição clínica altamente debilitante, cada vez as pessoas têm buscado o acompanhamento Nutricional para ser um coadjuvante na melhora dos sintomas e da qualidade de vida. E para sua felicidade, cada vez mais os estudos têm demonstrado que a alimentação adequada pode mesmo fazer muito por você. Há várias estratégias alimentares específicas que podem ser utilizadas para melhora do grande espectro de sintomas, principalmente associado com a suplementação de determinadas substâncias (vitaminas, minerais e fitoterápicos). Com a estratégia alimentar e suplementar adequada e individualizada para o seu caso, há vários mecanismos que participam da melhora do quadro, incluindo a redução do estresse oxidativo, modulação das respostas pró e anti-inflamatórias, fornecimento de macro e micronutrientes que favoreçam o bom funcionamento das vias de produção de energia e das vias neurológicas (vitaminas do complexo B, magnésio, triptofano), dentre outros.
Para visualizar de forma mais precisa, as evidências científicas mais atuais demonstram que as estratégias nutricionais que podem auxiliar na fibromialgia, desde que prescrita adequadamente pelo Nutricionista, são:
Dieta vegana;
Dieta reduzida em FODMAPs (carboidratos fermentáveis);
Redução do uso de glutamatomonossódico
Adição do azeite na alimentação (gorduras monos e poli-insaturadas);
Coenzima Q10
Vitamina C, E e sementes de Nigella sativa (cominho preto);
Vitamina D
Creatina
L-carnitina
Chlorella
Magnésio
Algumas dessas substâncias ainda NÃO apresentam um grande nível de evidência para a melhora do quadro e precisam ser mais estudadas, porém, após a avaliação Profissional e a depender do quadro do paciente, podem ser prescritas como coadjuvantes. Alguns estudos já demonstraram que os pacientes que sofrem de fibromialgia apresentam um quadro mais “inflamatório” do que pessoas saudáveis, com níveis mais elevados das substâncias com potencial pró-inflamatório como a Interleucina-6 (IL-6), Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α), Proteína C Reativa (PCR). Apresentam também maior peroxidação lipídica na pele, status oxidativo total elevado e atividade aumentada de prolidase sérica (metaloenzima que participa da “quebra” do colágeno no corpo). Analisando apenas esse pequeno número de alterações, dentre várias outras que os pacientes com fibromialgia apresentam, é possível ver o quanto a alimentação é importante. O paciente que tem bons hábitos alimentares e estilo de vida, está automaticamente modulando tudo isso de forma positiva, o que normalmente traz excelentes resultados.
Mas reforçando, as estratégias nutricionais associadas com a suplementação NÃO devem ser feitas de forma alguma sem a avaliação de um Nutricionista e/ou Médico, pois podem ter contraindicações e, inclusive, piorar o quadro. Caso a estratégia Low FODMAPs seja realizada sob a orientação do Nutricionista, fique sabendo que ela deverá ser temporária e acompanhada de uma reintrodução alimentar para testes. Estudos recentes têm demonstrado que essa estratégia à longo prazo pode trazer pioras negativas para a microbiota intestinal (população bacteriana do intestino).
Portanto, caso você tenha recebido o diagnóstico de fibromialgia e/ou esteja em investigação Médica, busque também o acompanhamento nutricional. Qualquer dúvida sobre o meu atendimento ou sobre o tema aqui descrito, mande-me uma mensagem e/ou e-mail!
Rodrigo Lamonier
Nutricionista e Profissional de Educação Física
Referências:
Ethan Lowry, Joanne Marley, Joseph G. McVeigh, Emeir McSorley, Philip Allsopp e Daniel Kerr. Ethan Lowry, Joanne Marley, Joseph G. McVeigh, Emeir McSorley, Philip Allsopp e Daniel Kerr. Dietary Interventions in the Management of Fibromyalgia: A Systematic Review and Best-Evidence Synthesis. Nutrients 2020, 12, 2664.
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